O Que A Bíblia Fala Sobre o Espírito Santo?

mar 27, 2016 by

O Que A Bíblia Fala Sobre o Espírito Santo?

“E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (João 14.16-17)

Nos dias atuais há muitos conceitos sobre o Espírito Santo que não possuem fundamento na Bíblia. Alguns afirmam que o Espírito Santo é um poder impessoal que Deus põe à disposição dos seguidores de Cristo. Outros buscam novas e estranhas experiências místicas (unções) e há os que associam o Espírito Santo a milagres em “shows da fé” e à prosperidade material. Este artigo trata sobre o que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo e busca responder primordialmente as seguintes questões: a Bíblia ensina a existência do Espírito Santo como uma pessoa divina que está em ação no mundo hoje? Em que consiste a obra do Espírito Santo? Quais as atividades peculiares do Espírito Santo na vida da igreja e no mundo? Em que sentido o Espírito Santo procede do Pai e do Filho?

O Espírito Santo no Antigo Testamento

O Espírito Santo como pessoa divina distinta não é revelado com clareza no Antigo Testamento. As Escrituras Hebraicas mencionam “Espírito” ou “espírito” por meio da palavra hebraica transliterada como ruach. O significado etimológico desta palavra é o de “sopro”, “vento” ou “ar em movimento”. Porém os sentidos com os quais ela é usada no Antigo Testamento são os de: “princípio da vida” (ou simplesmente “vida”), como o sopro de Deus que dá vida ao corpo do homem (Gen. 45.27; Jó 27.3); o próprio ser de Deus (Lev. 11.16-30; Num. 27.18); o poder de Deus em ação no mundo, significando que Deus controla as leis e forças da natureza (Gen. 1.2; 1º Reis 19.11-13); “atitude do coração” (Lev. 14.24; Deut. 2.30); seres espirituais – anjos ou demônios (Deut. 18.10; Jz. 9.23; 1º Sam. 16.14; 2º Sam. 22.21) ou ainda no sentido de dom ou capacidade espiritual/sobrenatural (2º Reis 2.9).

Quando a palavra espírito (ruach) aparece no Antigo Testamento nas expressões “Espírito de Deus”, “Espírito do Senhor” e “Espírito Santo”, ela geralmente significa o próprio ser de Deus (Gen. 6.3; 41.37; Num. 24.1-2; Jz. 3.10; 6.34; 14.6; 1 Sam. 10.6). No entanto, em algumas passagens como Ex. 31.3-5; 35.30-31, a expressão “Espírito de Deus” parece estar indicando uma pessoa espiritual e divina distinta de Deus Pai. Contudo, como já afirmamos, a teologia do Espírito Santo (pneumatologia) só é revelada com clareza no Novo Testamento.

O Espírito Santo no Novo Testamento

Desde os primeiros capítulos dos Evangelhos a presença e a atividade do Espírito Santo são reveladas. No batismo de Jesus, o Espírito Santo se manifestou em forma de uma pomba, distinguindo-se do Deus Pai e do Deus Filho. Nesta ocasião iniciou-se a revelação do Espírito Santo como uma das três pessoas da Trindade Divina (Mt. 3.13-17; Mc. 1.9-11; Lc. 3.21-22; Jo 1.32-34).

A pomba é um dos símbolos do Espírito Santo presentes no Novo Testamento. Outros símbolos são o vento, a água e o fogo. Por meio desses símbolos podem-se perceber alguns atributos do Espírito Santo. O vento tem poder e não pode ser previsto nem controlado pelos seres humanos. Isto ensina que o Espírito Santo é soberano. A água, além de lavar, satisfaz a sede (João 7.37-38). Isto ensina que o Espírito Santo purifica, santifica e satisfaz a alma. O fogo chama a atenção e também purifica. O Espírito Santo é quem atrai o ser humano a Deus e é quem purifica o coração do discípulo de Jesus ao longo de sua vida.

Nos livros do Novo Testamento, escritos em grego, a palavra usada para “espírito” é pneuma, que possui significado semelhante ao da palavra hebraica ruach, (“vento”, “sopro”, “respiração”, “vida” e “alma”). O significado etimológico da palavra pneuma, no entanto, não pode levar ninguém a concluir que o Espírito Santo é uma força ou poder impessoal. O Novo Testamento ensina claramente que o Espírito Santo é uma pessoa, um ser com uma mente, emoções e vontade. Isto ficou claro pelo ensino de Jesus em João 14.16-21 e em João 15.26.

Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês. Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele. (João 14.16-21. NVI)

 

Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio. (João 15.26. NVI)

Em João 14.16 Jesus prometeu que iria enviar “outro conselheiro” (gr. allos paracletos). A palavra grega allos indica claramente que o Conselheiro não é Jesus – aquele que está falando – nem o Deus Pai, a quem Jesus pediu que enviasse o Conselheiro. Com isto fica claro que o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. A função de conselheiro só pode ser exercida por uma pessoa; uma força impessoal jamais aconselhará ninguém. Em João 15.26 vê-se o uso do pronome masculino ekeinos em conexão com a palavra espírito (pneuma). Se o Espírito Santo fosse uma força impessoal João teria usado o pronome em sua forma impessoal. A descrição do Espírito Santo como conselheiro, aliado ao pronome masculino utilizado, deixa claro que o Consolador é uma pessoa e que não é o Pai nem o Filho.

Outra passagem que evidencia que o Espírito Santo é uma pessoa é Efésios 4.30: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção”. Somente uma pessoa pode ser entristecida.

O Espírito Santo Procede do Pai e do Filho

As passagens em João 14 e 15 também ensinam que o Espírito Santo foi enviado ao mundo por Deus Pai, a pedido de Jesus. É por isto que se afirma que ele procede do Pai e do Filho. Sendo Deus, o Espírito Santo também é eterno e não foi gerado nem criado. A sua procedência do Pai e do Filho se refere ao fato do Espírito Santo ter sido enviado ao mundo por Deus Pai e pelo seu filho Jesus.

A Obra do Espírito Santo

É o Espírito Santo quem convence um ser humano de que ele(a) é pecador(a) e que precisa de Deus e do seu perdão (João 16.8-11). Isto é necessário porque o homem, em seu estado natural, não aceita as coisas de Deus (1 Cor. 2.14). Ele já nasce rebelde contra Deus, pois carrega em si o pecado original (a tentativa de ser independente de Deus) e jamais irá a Cristo sem a ação do Espírito Santo. A regeneração é obra do Espírito Santo (Tt. 3.5). Quem nasce de novo, é nascido pelo Espírito Santo. Em João 3.3, Jesus diz: “Verdadeiramente lhe digo: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não for gerado de cima” (tradução nossa). O verbo grego genaw (gerar ou nascer) está neste verso na voz passiva genethe e em toda a passagem este verso aparece na voz passiva, o que significa que o nascimento espiritual (novo nascimento) é produzido exclusivamente pelo Espírito Santo. O ser humano não nasce “de cima” (espiritualmente) por sua própria vontade. É o Espírito Santo quem produz a consciência do pecado, o arrependimento e a entrega a Jesus. Algumas traduções traduzem esta frase de Jesus em João 3.3 com o verbo “nascer” no infinitivo, o que não está adequado: “Em resposta, Jesus declarou: ‘Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo’” (João 3.3. NVI). Produzir o novo nascimento nos eleitos é uma das funções do Espírito Santo.

Outra função do Espírito Santo é santificar o crente. Ele habita no corpo daquele que é nascido espiritualmente (1º Cor. 3.16), produzindo uma nova vida, dirigida pelos valores do Espírito de Deus. Quem não tem o Espírito Santo não tem Jesus (Rom. 8.5-11). O Espírito Santo também distribui dons espirituais aos que são seus, para edificação da igreja.

O Espírito Santo não somente converte e derrama graça especial sobre o povo de Deus, mas exerce uma influência e controle sobre toda a humanidade e sobre todo o mundo, no sentido de preservar o mínimo de justiça e moral entre os homens. Esta influência é chamada pelos teólogos de “graça comum”. É esta ação do Espírito Santo que refreia o exagero do pecado e do mal na vida dos que não são nascidos espiritualmente (Gn. 20.6; Rom. 1.24-28; Rm. 13.3-4; 1 Pe. 2.13-14). Se não fosse esta influência do Espírito Santo, o mundo seria insuportável.

O Espírito Santo é uma pessoa, com mente, emoções e vontade – uma pessoa divina que está em ação no mundo hoje. É ele quem converte o ser humano a Deus e santifica o crente ao longo de sua vida. Também é ele quem capacita o crente a testemunhar sobre Jesus e sobre o Reino de Deus. É o Espírito Santo quem não permite que o mundo se torne num inferno. Ele veio à terra por um pedido de Jesus e foi enviado por Deus Pai. Neste sentido procede do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Deus e merece ser louvado e adorado, assim como o Pai e o Filho.

 

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