Três Aspectos da Salvação

dez 31, 2013 by

Três Aspectos da Salvação

Por Marcio S. da Rocha.

A doutrina bíblica da “salvação” (Gr. sotēria) refere-se à ampla gama da atividade de Deus em salvar pessoas da rebelião e restaurá-las para que tenham um relacionamento bom e correto com ele. Devido a este sentido amplo, o termo “salvação” e o verbo “salvar” são usados na Bíblia com sentido de passado, presente e futuro.

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie”. (BÍBLIA. N.T. Efésios 2.8-9. Português. NVI. São Paulo: Vida, 2003).

Salvação, no Novo Testamento, pode significar: (1) justificação, que é a salvação da culpa do pecado (Ef. 2.8); (2) santificação, que é a salvação do poder do pecado (1 Coríntios 1.18), ou; (3) glorificação – salvação da presença do pecado (Atos 15.11). Todos esses atos são realizados por Deus devido a sua própria graça – por seu favor – a alguns homens e mulheres que não têm qualquer mérito em si. E todos esses atos ocorrem mediante a fé.

A justificação – primeiro aspecto da salvação – é definida por Grudem (1999, p. 604) da seguinte maneira:

“Justificação é um ato instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual ele (1) considera os nossos pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente à nós e (2) declara-nos justos à vista dele”.

Hodges (2005, Vol. III, p. 89, tradução nossa) cita a definição de Justificação constante no Catecismo de Westminster:

“JUSTIFICAÇÃO é definida no Catecismo de Westminster: ‘Um ato da graça de Deus, em que ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como justos aos seus olhos, apenas pela justiça de Cristo imputada a nós e recebida somente pela fé'”.

A Bíblia ensina que primeiramente Deus elegeu alguns indivíduos, antes da fundação do mundo, determinando de antemão que seu propósito de salvação será realizado nos eleitos (João 6.37–39, 44, 64–66; 8.47 10.26; 15.16; Atos 13.48; 16.14; Romanos 9.1; João 4.19; 5.1). Sequencialmente, ele traz os seus eleitos para si próprio, chamando-os para acreditar e ter fé em Jesus – o Cristo – como seu Senhor e Salvador pessoal (Rom. 8.30; 1 Coríntios 1.9; 2 Tim. 1.9; 1 Pedro 2.9).

Na perspectiva humana, a justificação ocorre quando alguém se reconhece como um pecador terrível e se torna consciente de que não é capaz de fazer por si mesmo qualquer coisa para agradar a Deus. Além disso, essa pessoa sinceramente se arrepende de ser um pecador e firmemente pede e aceita a regeneração de Deus – um novo nascimento. Então, por uma ação do Espírito Santo e mediante a fé baseada nas palavras de Jesus Cristo e de seus Apóstolos (João 1.11-12; 5.24; Romanos 8.1) a pessoa é justificada e se torna segura de sua nova posição diante de Deus, vindo a ter cada vez mais a necessidade de permanecer em um bom relacionamento com Deus e com seu povo. Para algumas pessoas, a justificação (consciência da pecaminosidade, arrependimento, fé e rendição a Jesus) ocorre em etapas. Para outros, ela vem em um curto período de tempo – quase que em um único momento em suas vidas.

A santificação é o processo de ser transformado de um rebelde a uma pessoa piedosa. Começa com o novo nascimento (regeneração) e continua até a morte (e talvez até depois dela). Santificação é primeiramente processada por Deus (Filipenses 2.12-13; 1 Tessalonicenses 5.23), mas o homem coopera com Deus nesse processo, quando ele pretende viver uma vida santificada, de acordo com princípios bíblicos. Quando o cristão firmemente decide ser honesto e se dedica a estudar as Escrituras, estar em comunhão com Deus em oração e adoração, ter tempo de comunhão com os demais crentes, para exercer o seus dons espirituais e praticar boas ações, ele está a cooperar com o Espírito Santo em seu próprio processo de santificação. Os comandos morais no Novo Testamento (por exemplo, Romanos 6.13, 19; 12.1) são uma prova de que Deus chama o cristão para cooperar com ele na sua santificação. A palavra salvação, no Novo Testamento, às vezes traz o significado de santificação; por isto Paulo fala da salvação como um processo em andamento, em I Coríntios 1.18:  “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”.

A glorificação – o terceiro aspecto da salvação – é a transformação momentânea de um corpo humano comum em um corpo semelhante ao do Cristo ressurreto. É o aspecto futuro da salvação. Ela irá ocorrer quando Jesus voltar fisicamente à terra. Naquele dia, os que foram justificados e estiverem fisicamente mortos serão ressuscitados em primeiro lugar (com corpos transformados); após isso, os crentes que estiverem vivos nesse dia terão seus corpos comuns transformados em corpos imperecíveis, imortais, glorificados (1 Tess. 4.16). Assim, a glorificação é uma ação futura de Deus em seu ato de salvação. Seremos salvos deste corpo mortal e pecador.

 

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Marcio Soares da Rocha, editor deste site, é um estudioso da Bíblia e da Fé Cristã, graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Ceará (2013) e pela Faculdade Teológica Sul Americana, de Londrina-PR (2017). Atualmente cursa Mestrado em Teologia pela Trinity Graduate School of Apologetics and Theology (Kerala, India).

 

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1 Comment

  1. Samuel Almeida Barreto

    Muito boa a interpretação.