Jesus Cristo: Homem e Deus ao Mesmo Tempo

jan 12, 2013 by

Jesus Cristo: Homem e Deus ao Mesmo Tempo

Por Marcio S. da Rocha.

Jesus Cristo é uma personalidade histórica. Ele nasceu e viveu toda a sua vida na Judéia (território hoje conhecido como o estado de Israel), e não apenas os livros do Novo Testamento afirmam sua existência histórica, mas alguns escritos cristãos fora da Bíblia (datados do primeiro e segundo séculos) testemunham sua existência no primeiro século de nossa era. Há também escritos históricos judeus do primeiro século, (ex. os livros de Flávio Josefo), e alguns relatórios militares romanos e cartas de algumas das autoridades do segundo século (portanto, registros históricos) falando sobre o homem chamado Jesus e seus seguidores. Alguns desses registros são citados a seguir[1].

Flávio Josefo, judeu romanizado que viveu no Século I (até 98 d.C.), escreveu livros sobre a História dos Judeus para o povo Romano. Em seu livro, “Antiguidades Judaicas”, ele faz algumas referências a Jesus e em uma delas, afirma:

“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas” (Josefo. Antiguidades Judaicas, XVIII,3,2).

Em outra passagem, Josefo registra a existência histórica de Jesus quando narra o martírio de Tiago – o Justo (XX, 9, 1), referindo-se a este como “O irmão de Jesus que era chamado Cristo”.

Plínio, que foi Procônsul do Império Romano na Ásia Menor (hoje Turquia), escreveu uma carta dirigida ao Imperador, em 111 d.C, contendo o seguinte:

“…[os cristãos] têm como hábito reunir-se em uma dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição…” (Plínio, Epístola 97).

Tácito, que teve uma carreira política de sucesso, tornando-se senador, cônsul, e depois governador da província romana da Ásia, também historiador, registrou em 115 d.C. sobre Cristo e sua Igreja:

“Crestus, o fundador da seita, sofreu a pena de morte no reinado de Tiberio, pela sentença do Procurador Pôncio Pilatos, e a superstição perniciosa foi controlada por um momento, só para se soltar mais uma vez não somente na Judéia, o lar da doença, mas na própria capital, onde todas as coisas horríveis ou vergonhosas são acolhidas e encontram popularidade.” (Tácito, “Anais” XV, 44[2]).

Jesus Cristo foi um homem real – um ser humano. De acordo com os Evangelhos bíblicos, ele podia ser tocado (Lc. 24.39), ouvido, e muitas pessoas o viram antes e depois da ressurreição (Lc. 1.2,  At. 1.21, 2.32, 3.15, 10.40-41, 2º Pe. 1.16, 1ª João 1.2). Ele teve fome (Mt. 4.2), comeu (Mt. 9.10-11), sentiu cansaço (João 4.6), dormiu (Mt. 8.24), chorou (Mt. 26.38, João 11.33), sofreu e morreu (Lc. 22.44, João 19.30, Hb. 2.14). Ele pronunciou muitas palavras e ensinou a alguns dos mais sublimes ensinamentos que são registrados na literatura humana.

Entretanto, ele não é apenas um homem. Ele é Deus. Em primeiro lugar, Jesus afirmou ser Deus. Além disso, seus discípulos reconheceram, afirmaram e proclamaram a divindade de Jesus Cristo. Além disso, suas ações sobrenaturais testemunham que ele é Deus.

Jesus Cristo declarou muitas vezes que é Deus, e que ele era Deus em carne, enquanto estava aqui na terra. Se ele não era Deus, algumas das suas declarações fariam dele um blasfemador, um louco ou um mentiroso. A menos que ele fosse Deus, teria sido altamente impróprio para Jesus dizer, como ele faz em Mateus 13.41, que os anjos e o Reino de Deus são seus, ““O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal.” (Mateus. 13.41). Em João 8.23-24 Jesus disse:

“Vocês são de baixo; Eu sou de cima. Vocês são deste mundo; Eu não sou deste mundo. Eu lhes disse que vocês iriam morrer em seus pecados; Se vocês não acreditam que eu sou Ele, certamente morrereis nos seus pecados.”

É uma declaração clara de Jesus Cristo, afirmando-se como Deus: “Eu sou Ele [Deus]”. No episódio da cura do paralítico em Marcos 2.5, a primeira atitude de Jesus foi dizer que os pecados do homem foram perdoados. Os escribas e mestres da lei sabiam que somente Deus pode perdoar pecados. Compreenderam claramente que Jesus estava exercendo um privilégio divino. A resposta de Jesus reforçou sua afirmação de ser divino. Jesus disse: “Por que vocês perguntam assim em seus corações? O que é mais fácil, dizer ao paralítico, ‘seus pecados estão perdoados,’ ou dizer, ‘levante, pegue a sua maca e ande’?” (Marcos 2.8-9) Além disso, Jesus confirmou sua autoridade para perdoar pecados (confirmando que ele é Deus) quando habilitou o homem a pegar a sua maca e ir para casa andando por suas próprias pernas e pés.

Jesus alegou autoridade sobre o julgamento dos pecados e sobre a observância do sábado. Ambos são considerados prerrogativas de Deus pelos judeus. Em João 5.22-23 Jesus diz: “O pai não julga ninguém, mas confiou todo julgamento ao filho, para que tudo possa honrar o filho assim como honram o pai.” Honrar o sábado é um dos dez mandamentos, e os judeus o observam estritamente. No livro de números, Moisés é ordenado por Deus para apedrejar à morte um homem que recolhe a madeira no sábado. No entanto, em Mateus 12.8 Jesus diz, “O filho do homem é Senhor do sábado”.

Em João 10.30 ele diz que vê-lo é ver o Pai. Mais tarde João 14.7-9 ele diz que conhecê-lo é conhecer o pai. Jesus afirmou ter existido antes de sua encarnação na terra. Em João 8.58, ele diz, “Verdadeiramente, verdadeiramente, eu vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou.” Provavelmente a mais contundente auto-alegação de Jesus afirmando que é Deus está escrita em João 10.30 “Eu e o pai somos um”. Além disso, em seu julgamento, Jesus, quando perguntado pelo sumo sacerdote, se é o filho de Deus, responde que é de fato o filho de Deus, ao afirmar: “Você disse”.

Os primeiros discípulos de Jesus Cristo claramente reconheceram, afirmaram e proclamaram que ele é Deus. Sobre isto Houdmann e os demais editores do website Got Questions[3] afirmam:

“Tomé clamou a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo. 20.28). Paulo chama Jesus de “grande Deus e Salvador” (Tito 2.13) e ressalta que, antes da sua encarnação Jesus existiu em “forma de Deus” (Filip. 2.5-8). Deus, o pai diz a respeito de Jesus: “o teu trono, Ó Deus, durará para sempre” (Hebreus 1:8). João afirma que “No início era a palavra e a palavra estava com Deus, e a palavra [Jesus] era Deus” (Jo. 1:1). São muitos os exemplos das Escrituras que ensinam a divindade de Cristo (ver Apocalipse  1.17, 2.8, 22.13; 1 Coríntios 10.4; 1º Pe. 2.6-8; Salmo 18.2, 95.1; 1º Pe. 5.4; Hb. 13.20), mas mesmo apenas uma delas é o suficiente para mostrar que Cristo foi considerado Deus pelos seus seguidores.

Jesus também recebe títulos exclusivos de Yavé (YHWH – o nome formal de Deus no Antigo Testamento). O título do Antigo Testamento “Redentor” (Salmo 130.7; Oséias 13.14) é usado para Jesus no Novo Testamento (Tito 2.13; Apoc. 5.9). Jesus é chamado Emanuel, “Deus conosco” — em Mateus 1. Em Zacarias 12.10, é YHWH que diz, “eles vão olhar para mim, aquele que traspassaram”. Mas o Novo Testamento aplica isto à crucificação de Jesus (Jo. 19.37; Apocalipse 1.7). Se é YHWH que é perfurado e encarado e Jesus é quem foi perfurado e encarado, então, Jesus é YHWH. Paulo interpreta Isaías 45.22-23, como aplicado a Jesus, em Filipenses 2.10-11. Além disso, o nome de Jesus é usado ao lado de Deus em oração “graça e paz para vocês, da parte de Deus nosso pai e Senhor Jesus Cristo.” (Gl. 1.3; Ef. 1.2). Isso seria blasfêmia se Cristo não fosse divino. O nome de Jesus aparece com Deus quando Jesus mandou batizar “no nome [singular] do pai e do filho e do Espírito Santo.”

Quando Jesus Cristo estava na terra, realizou muitos milagres como prova da sua alegação de divindade. Alguns dos milagres de Jesus incluem transformação de água em vinho (Jo. 2.7), andar sobre água (Mt. 14.25), multiplicar objetos físicos (Jo. 6.11), curar cegos (Jo. 9.7), coxos (Mc. 2.3) e doentes (Mt. 09.35; Mc. 1.40-42) e até mesmo levantar pessoas dentre os mortos (Jo. 11.43-44; Lc. 7.11-15; Mc. 5.35). Além disso, Cristo ressuscitou a si mesmo dentre os mortos.

Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, homem e Deus.

No próximo artigo, vamos tratar sobre a união dessas duas naturezas em Cristo, das diferenças da humanidade de Jesus para a nossa humanidade, e das implicações da humanidade de Jesus Cristo para a doutrina da salvação.

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Perguntas para reflexão e aprofundamento:

  1. O que se pode dizer sobre grupos religiosos atuais como os Neo-Gnósticos, o Seminário de Jesus e também sobre ateus que afirmam que Jesus Cristo não foi uma pessoa real, que não há registro histórico de sua existência como ser humano?
  2. Que características de Jesus são apresentadas no Novo Testamento como evidências da sua real humanidade?
  3. Os grupos religiosos citados acima, e outros, além de autores como Dan Brown, afirmam que os primeiros cristãos não reconheciam Jesus Cristo como Deus; que isto aconteceu bem mais tarde, durante a Idade Média, com o fortalecimento da instituição Igreja Católica Romana. Há evidências disto no Novo Testamento?

[1] Para aprofundamento sobre registros históricos sobre Jesus Cristo, recomenda-se ler F.F. Bruce “O Novo Testamento é confiável?” e Josh Mcdowel, “Evidência que exige um veredito”.

[3] GOT QUESTIONS website. Is the deity of Christ biblical? http://www.gotquestions.org/deity-of-Christ.html. Accessed in febuary, 2011.