O Significado de 2 Pedro 3.9
Por Garrett P. Johnson.
“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3.9).
Comparemos a exegese de Murray desse versículo com a de Francis Turretin, John Owen, John Gill e Gordon Clark: Murray:
“Deus não deseja que nenhum homem pereça. Seu desejo, antes, é que todos entrem para a vida eterna chegando ao arrependimento. A linguagem nessa parte do versículo é tão absoluta que é altamente anormal encarar Pedro como querendo dizer meramente que Deus não deseja que nenhum crente pereça… A linguagem das cláusulas, então, mais do que naturalmente refere-se à humanidade como um todo… Ela não tem em vista os homens como eleitos ou como réprobos”.[1]
Turretin:
“A vontade de Deus aqui mencionada ‘não deve ser estendida além dos eleitos e crentes, por causa de quem Deus adia a consumação dos tempos, até que o número seja completado’. Isso é evidente a partir ‘do pronome convosco que a precede, designando com suficiente clareza os eleitos e crentes, como em outro lugar mais de uma vez, o que, para explicar, ele adiciona, não querendo que nenhum, isto é, de nós, pereça’”.[2]
Owen:
“‘A vontade de Deus’, dizem alguns, ‘para a salvação de todos, é aqui colocada tantonegativamente, pois Ele não quer que ninguém pereça, como positivamente, pois Ele quer que todos cheguem ao arrependimento…’ Não é necessário gastar muitas palavras para responder essa objeção, arrancada do mal entendimento e da corrupção evidente dos sentido das palavras do apóstolo. Que expressões indefinidas e gerais devem ser interpretadas numa proporção explicável às coisas que delas são afirmadas, é uma regra na abertura da Escritura… O senso comum não nos ensina que nós deve ser repetido em ambas as seguintes cláusulas, para fazê-las completas e plenas, – a saber, ‘não querendo que nenhum de nós pereça, senão que todos denós cheguem ao arrependimento’?… Agora, verdadeiramente, argumentar que porque Deus não quer que nenhum daqueles pereça, mas que todos deles cheguem ao arrependimento, portanto, Ele tem a mesma vontade e intenção para com todos e cada um dos homens no mundo (até mesmo aqueles a quem Ele nunca fez conhecida Sua vontade, nem jamais chamou ao arrependimento, se eles nunca ouviram sobre o Seu caminho de salvação), não fica muito longe da extrema loucura e tolice… Eu não preciso adicionar qualquer coisa concernente às contradições e inextricáveis dificuldades com que a interpretação oposta é acompanhada… O texto é claro que é todos e somente os eleitos a quem Ele não quer que pereça”. [3]
Gill:
“Não é verdade que Deus não deseja que nenhum indivíduo da raça humana não pereça, visto que ele tem feito e apontado o ímpio para o dia do mal,[4] até mesmos os homens ímpios, que foram pré-ordenados para essa condenação,[5] tais como são vasos de ira preparados para a destruição;[6] sim, há alguns a quem Deus envia fortes desilusões, para que eles possam crer na mentira, para que todos possam ser condenados…[7] Nem é a Sua vontade que todos os homens, nesse sentido mais amplo, cheguem ao arrependimento, visto que Ele retém de muitos tanto os meios como a graça do arrependimento…”.[8]
Clark:
“Os Arminianos têm usado o versículo em defesa de sua teoria da expiação universal. Eles crêem que Deus desejava salvar todo ser humano sem exceção e que algo além do Seu controle aconteceu, de forma que frustrou o Seu eterno propósito. A doutrina da redenção universal não somente é refutada pela Escritura em geral, mas a passagem em questão torna tal visão um absurdo…. Pedro está nos dizendo que o retorno de Cristo espera o arrependimento de certas pessoas. Agora, se o retorno de Cristo aguardasse o arrependimento de todo indivíduo sem exceção, Cristo nunca voltaria. Essa não é uma interpretação nova. As Similitudes viii, xi,1, noPastor de Hermas (130-150 d.C.), … diz, ‘Mas o Senhor, sendo longânimo, deseja [thelei] que aqueles que foram chamados [ten klesin ten genomenen] através do seu Filho sejam salvos’… São os chamados ou eleitos a quem Deus deseja salvar”.[9]
A interpretação de Murray de 2 Pedro 3.9 conflita com o restante da Escritura. Ele arrogantemente recusa deixar seu entendimento da passagem ser governado pelo princípio de que todas as partes da Escritura concordam uma com a outra. Ele implicitamente nega, como a Confissão que ele professa crer assevera, que uma das marcas da Escritura é o “consentimento de todas as partes”. NOTAS: 1 – The Free Offer of the Gospel, Murray and Stonehouse ,no city, no publisher, no date, 26, 27. 2 – Francis Turretin, Institutio Theologiae Elencticae, como citado por David Engelsma, Hypercalvinism, 96. 3 – The Works of John Owen, volume 10. The Banner of Truth Trust, 1967, 348-349. 4 – Provérbios 16.4 – O SENHOR fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal. 5 – Judas 1.4 – Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 6 – Romanos 9.22 – E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para perdição 7 – 2 Tessalonicenses 2.11 – E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira. 8 – John Gill, The Cause of God and Truth. Baker Book House, 1980, 62-63. 9 – Gordon H. Clark, I & II Peter. Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1980, 71. ———————————————- Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto Publicado originalmente em http://monergismo.com/v1/?p=1561
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