A Revelação de Deus – Parte II – A Revelação Especial
Por Marcio S. da Rocha.
“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas.” (Hebreus 1:3 ARA)
A revelação natural (por meio das coisas criadas) não é suficiente para que o homem possa conhecer pessoalmente a Deus e com ele se relacionar para salvação, por causa da natureza pecaminosa do ser humano. Então, aprouve a Deus revelar-se diretamente a pessoas que ele mesmo escolheu. Deus se revelou especialmente a Noé, a Abraão, a Moisés, aos profetas, a Davi, a Salomão, aos seus apóstolos e, mais especialmente, por meio de Cristo: Deus se revelou em Cristo.
Deus se revelou, de modo especial, de três maneiras: (1) por meio de Teofania (manifestação visível de Deus); (2) pelas Escrituras Sagradas (Bíblia); e (3) pela sua encarnação, na pessoa de Jesus Cristo. Esses modos de revelação são classificados como especiais, pois se distinguem dos outros dois modos gerais, estudados anteriormente. Enquanto que na Revelação Geral, Deus se revelou a toda a humanidade, as revelações especiais foram feitas especificamente para certas pessoas a quem Deus escolheu. Geralmente quando uma manifestação especial de Deus é feita, cabe àquele ou àqueles a quem Deus se revelou (de modo especial) cumprir certa missão e/ou transmitir a outros o que Deus lhes mandou anunciar. A Revelação Especial de Deus foi feita para certas pessoas, mas não era estritamente pessoal. Deus revelou algumas coisas sobre si mesmo a algumas pessoas, não para que essas pessoas ficassem com esse conhecimento somente para si, mas para que essas pessoas o tornassem conhecido por toda a humanidade. Deus disse a Abraão: “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gen. 12.3). Outro aspecto que distingue a Revelação Especial é o fato de ser sobrenatural.
Deus se manifestou tornando-se visível ao homem (Teofania)
No Antigo Testamento encontram-se vários textos que afirmam que Deus se manifestou de forma visível a alguns homens e mulheres (Teofania). Por exemplo, em Genesis, Deus apareceu a Abraão em forma humana[1] (Gênesis 12 e 18). À Moisés, Deus se manifestou por meio da sarça que ardia e não se consumia (Êxodo 3:2-4). No deserto, dentro do Tabernáculo, e depois no templo, em Jerusalém (principalmente no compartimento chamado “Santo dos Santos”), Deus se manifestava em forma de uma nuvem ou névoa, que era chamada pelos judeus de Shekinah (Êxodo 16:10; 19:9; 24:15; 33:10; 40:34-35; Lev. 16:2; Num. 9:15-16; 1 Reis 8:10-11).
É importante ressaltar que as manifestações de Deus em forma humana no Antigo Testamento não eram, de modo algum, revelações exatas de sua pessoa nem de toda a sua glória, pois, Deus é espírito (João 4:24) e espírito não tem forma. Essas e outras eram manifestações de Deus por meio de diversas formas materiais, realizadas com o objetivo de se comunicar com o homem. Por meio delas, aquelas pessoas “viam” manifestações de Deus, mas não estavam realmente vendo a Deus. Por isso João diz “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai, é quem o revelou” (João 1:18).
Deus se revelou por meio das Escrituras Sagradas
Além de se manifestar visivelmente a certas pessoas, Deus decidiu revelar progressivamente a sua vontade a profetas e apóstolos, aos quais foi ordenado que registrassem o que Deus lhes revelou. Paulo Anglada, falando sobre a necessidade da revelação escrita, diz:
“Deus conhece perfeitamente a natureza humana corrompida. Ele conhece também a malícia de Satanás, bem como a perversão do mundo. Ele sabe que revelar a sua vontade à igreja não seria suficiente, pois seria fatalmente corrompida e deturpada. Basta observar as tradições religiosas, mesmo as ditas cristãs; como tendem inexoravelmente para o erro!” (ANGLADA, A doutrina reformada da revelação. Monergismo.com.br)
Assim, Deus fez com que o que era possível ao homem saber sobre a sua pessoa fosse registrado por escrito, bem como todas as verdades necessárias à salvação, santificação, adoração, serviço e vida do homem, fossem escritas e preservadas, para que pudessem ser conhecidas, cridas e seguidas/obedecidas. Com este propósito, o próprio Deus, por meio do seu Espírito, inspirou os escritores bíblicos, a fim de que pudessem, sem erro, escrever a sua vontade (2 Tim. 3:16; 2 Pe 1:19-21).
Deus se revelou em Cristo
João diz que “A Palavra se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14). Cristo é a maior e mais completa revelação de Deus. O próprio Deus viveu como nós e entre nós (Flp. 2:5-11). Jesus Cristo revelou de forma perfeita a pessoa de Deus (João 1.18; 14:7-11) e o seu caráter, pois Ele é a imagem do próprio Deus (2 Co. 4:4; Cl 1:15; Hb. 1:3).
Cristo afirmou que era Deus (João 8:58; 16:28; 17:5; 10:30). Quando os profetas falavam, eles eram mensageiros de Deus, mas quando Cristo falou, era o próprio Deus falando.
Jesus Cristo revelou o “mistério” (segredo) da vontade de Deus que havia sido oculto até o tempo de sua encarnação, visando a salvação da igreja por meio dele ( Rom. 16:25; 1 Co 2:7-10; Ef. 1:9)
Jesus Cristo é a mais clara revelação de Deus, porque ele é Deus.
Deus se revelou geral e especialmente.
[1] As manifestações de Deus em forma de homem não eram encarnações de Deus, como ocorreu com Jesus Cristo. Nessas aparições, Deus se revestia de visibilidade e materialidade (ver Gênesis 18), mas não se transformava completamente em um homem, como aconteceu com Jesus. Somente em Jesus Cristo, a segunda pessoa de Deus experimentou plenamente a humanidade. Ele se tornou (em Cristo) semelhante a nós, nascendo de mulher, tendo sentidos e todas as outras características humanas inerentes, exceto o pecado.
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Marcio S. da Rocha participa de uma igreja que se reúne nos lares dos irmãos, como a igreja no primeiro século; cursa atualmente Bacharelado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Ceará e Mestrado em Teologia pela Trinity Graduate School of Apologetics and Theology.
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